Marcelle Cunha
Maternidade em luto.
Hoje vou falar de algo que por ser mãe de dois meninos lindos, que são TUDO na minha vida, me dói só de pensar… Vou falar da morte, que já é um assunto delicado por si só. Acredito que a morte é algo brutal, no qual jamais estaremos preparadas para tal. Ainda mais, quando se passa conosco, com nossos filhos mais amados! Penso que o chão se abre, perde-se o rumo! É algo devastaDOR, enloqueceDOR sim, dor, muita dor… é a morte em vida para esses pais, que ficam sem seu filho(a) tão querido! Acredito piamente que não exista no mundo dor maior e pior do que perder um filho! Não há onde se amparar, não há palavras que conforte esta dor… Que sesse esta saudade eterna! O que fazer? O que pensar? Como será daqui pra frente? O que eu faço sem meu filho(a)? Como superar a falta? São questionamentos que surgem e que ecoam na cabeça das mães/pais que passam por esta situação. Pais e mães que paralisam, ficam em choque temporariamente, demoram a compreender que não tem volta, se culpam por pensar que não foram cuidadosos o suficiente, se culpam por estarem vivos! Quanto tempo dura este luto? “Tempo” até existe este tempo na literatura, mas mensurá-lo é realmente complicado. Os pais que perdem seus filhos para uma doença, o qual vem sendo preparado gradativamente desde o diagnóstico, estes tem um tempo, apesar da dor alucinante e antecedente a própria morte, pois a cada dia se vivencia a perda que pode estar próxima, nestes casos, ocorre uma elaboração de forma lenta e gradual; Já os pais que perdem de forma abrupta, imprevisível, estes levam um tempo maior, pois a desestabilização é tamanha que não há formas de simbolizar que levem a uma elaboração no momento… como simbolizar se não há expectativa de futuro frente a esta situação, frente ao choque, frente ao vazio! Nenhuma das duas situações é mais fácil de aceitar, apenas o processo de elaboração é diferente! A grande questão é que um luto prolongado e não elaborado pode se tornar em uma depressão profunda, onde muitas vezes requer manutenção de fármacos.
Maternidade em luto.
Hoje vou falar de algo que por ser mãe de dois meninos lindos, que são TUDO na minha vida, me dói só de pensar… Vou falar da morte, que já é um assunto delicado por si só. Acredito que a morte é algo brutal, no qual jamais estaremos preparadas para tal. Ainda mais, quando se passa conosco, com nossos filhos mais amados! Penso que o chão se abre, perde-se o rumo! É algo devastaDOR, enloqueceDOR sim, dor, muita dor… é a morte em vida para esses pais, que ficam sem seu filho(a) tão querido! Acredito piamente que não exista no mundo dor maior e pior do que perder um filho! Não há onde se amparar, não há palavras que conforte esta dor… Que sesse esta saudade eterna! O que fazer? O que pensar? Como será daqui pra frente? O que eu faço sem meu filho(a)? Como superar a falta? São questionamentos que surgem e que ecoam na cabeça das mães/pais que passam por esta situação. Pais e mães que paralisam, ficam em choque temporariamente, demoram a compreender que não tem volta, se culpam por pensar que não foram cuidadosos o suficiente, se culpam por estarem vivos! Quanto tempo dura este luto? “Tempo” até existe este tempo na literatura, mas mensurá-lo é realmente complicado. Os pais que perdem seus filhos para uma doença, o qual vem sendo preparado gradativamente desde o diagnóstico, estes tem um tempo, apesar da dor alucinante e antecedente a própria morte, pois a cada dia se vivencia a perda que pode estar próxima, nestes casos, ocorre uma elaboração de forma lenta e gradual; Já os pais que perdem de forma abrupta, imprevisível, estes levam um tempo maior, pois a desestabilização é tamanha que não há formas de simbolizar que levem a uma elaboração no momento… como simbolizar se não há expectativa de futuro frente a esta situação, frente ao choque, frente ao vazio! Nenhuma das duas situações é mais fácil de aceitar, apenas o processo de elaboração é diferente! A grande questão é que um luto prolongado e não elaborado pode se tornar em uma depressão profunda, onde muitas vezes requer manutenção de fármacos.
“O luto é um processo lento e doloroso, que tem como características uma tristeza profunda, afastamento de toda e qualquer atividade que não esteja ligada a pensamentos sobre o objeto perdido, a perda de interesse no mundo externo e a incapacidade de adoção com um novo objeto de amor”. Freud, 1915.
Cada perda é significada, sentida, diferentemente para cada pai ou mãe, pois somos indivíduos únicos e a dor de um não é igual, nem maior, nem pior que a do outro, cada um sente a dor de forma única! As emoções experimentadas podem ser semelhantes, porém a forma de lidar com estas emoções vai variar conforme as circunstâncias e experiências de vida de cada um. Para alguns vai parecer mais fácil, para outros mais difícil, mas você não tem como saber o que o outro sente, aceite a forma diferente do outro sentir a dor da perda! Isso muitas vezes causa desavenças e afastamentos entre casais, por não se entenderem, julgarem o outro, um não quer falar sobre o assunto para não sofrer mais, outro precisa falar para amenizar o sofrimento!
“Existem momentos na vida da gente, em que as palavras perdem o sentido ou parecem inúteis e, por mais que a gente pense numa forma de empregá-las, elas parecem não servir. Então a gente não diz, apenas sente.” Freud.
Assim como também, comparar a dor de pais que perderam seu bebê com meses de gestação, Recém nascido ou um bebê de 1 ano e meio, 3, 7, 12, 20 anos de idade… Não comparem! Porque cada pai/mãe perdeu o SEU filho, então independente do tempo, foi amado, foi desejado, curtido, esperado, e é a dor deles, a dor que eles sentem independentemente do tempo de vida deste filho! É FILHO! Outra coisa importante, é dizer que: – Logo você será mãe novamente, isso vai passar! ou – Você tem que ser forte, você tem outros filhos para atender!! Jamais, façam este tipo de comentário… um filho é único! Ele não é igual ao irmão, primo, vizinho… a dor é sentida por quem sofre a perda! Tente se colocar no lugar do outro, ter EMPATIA e entenderá caso não consiga sentir o que o outro está passando, e por mais que depois de algum tempo estes pais venham a ter outros filhos, AQUELE nunca será esquecido, tampouco substituído!
“O trabalho de luto consiste, assim, num desinvestimento de um objeto, ao qual é mais difícil renunciar na medida em que uma parte de si mesmo se vê perdida nele” Mannoni,1995.
A terapia é importante por que? Porque o mundo, as pessoas, muitas vezes não estão preparadas, nem dispostas a compreender e a ouvir mais de uma vez sobre a sua perda, sobre a sua dor… e falam, comentam que você precisa “esquecer” e continuar vivendo, que enfim você está viva(o), que a vida continua e que você só sabe falar sobre isso, que já devia ter superado, e etc, etc, etc… A terapia vai tirar a dor da perda? Não! Não vai tirar a dor, mas vai amparar você, vai ajudar neste processo de elaboração, é onde você poderá falar sobre isso o quanto quiser, chorar o quanto quiser… e assim repetindo e se ouvindo também, aos poucos vai conseguindo se re-erguer, a sorrir sem se culpar, sem claro, jamais esquecer, jamais deixar de sentir, mas re-aprender a viver! E novamente o “tempo”, só com o tempo a vida vai sendo possível novamente!!
Texto de Ariela Malaquias"