Texto retirado de um site,achei interessante compartilhar.
Gostaríamos de compartilhar abaixo o depoimento emocionante enviado pela mãe Rita Suellen sobre as suas perdas gestacionais.

Querida, sentimos muito pelas suas perdas e desejamos assim como vc profissionais mais sensíveis, respeitosos e acolhedores, treinados e capacitados para lidar com a morte de um filho, mesmo que ainda no útero.

Sabemos que não é este o desfecho esperado por nenhum profissional de saúde nem tampouco por nós, mas também sabemos que apesar de não ser o resultado ansiado, ele deve ser acolhido da melhor forma possível, pois o momento é de extrema dor, vulnerabilidade e fragilidade. E não devemos ter o nosso luto complicado por fatores externos, como o despreparo dos profissionais e funcionários, e falta de um ambiente adequado nas maternidades.

Devemos ser respeitadas e acolhidas nos nossos desejos de não ser sedadas; de ter um acompanhante ao lado; de se despedir do filho; de ficar em um ambiente reservado, sem a presença desconcertante de mães com os seus filhos saudáveis; de possuir lembranças do filho; de ter o bebe nomeado pela equipe, dentre outros.

Juntas somos mais fortes! Precisamos quebrar o silencio! Precisamos sensibilizar os profissionais de saúde e maternidades!

Fonte: Protocolo da perda gestacional (Organização Mundial de Saúde)

Diretrizes de conduta para profissionais da área médica e enfermeiras obstétricas no casode mortes intrauterina e natimorto.
Depoimento de uma Mãe.

Em Março/14 descobrimos a nossa primeira gravidez, foi um misto de felicidade e insegurança, pois tínhamos apenas 3 meses de casados, mas enfim, sabíamos que essa era uma dádiva de Deus e queríamos muito um filho. Fiz uma ultra com 5 semanas e tudo estava correndo bem, até que um corrimento veio me assombrar, fomos a um hospital, que não tinha um ginecologista de plantão, disse q era normal um pouco de corrimento. Fomos para casa, quando chegamos, o corrimento aumentou, fomos direto para um hospital maior com maternidade. Fiz uma ultra e o feto estava sem batimentos, mas o médico disse q podia era normal por estar de pouco tempo. Pediu para repetir a ultra com 7 dias, viemos para a nossa cidade, estávamos na minha mãe, nem precisou esperar os 7 dias, com três estava com numa cólica insuportável, levei todas as ultras, no segundo hospital havia me esquecido de levar a primeira, pura inexperiência. Fiz uma terceira ultra e constataram que não o BB estava morto mesmo, então esperei para fazer uma curetagem, nem me passaram outra possibilidade, como estava sem comer já subi para esperar a cirurgia. Acredito que foi tudo tranquilo, pois não vi nada! Meu marido subiu para o quarto pois era horário de visita. E as 18h do mesmo dia saí do hospital.

Minha médica me pediu alguns exames e disse que com 6 meses poderia tentar novamente, foi o que fizemos, com seis meses engravidamos novamente. Quando fui marcar a consulta com a minha médica, recebi a notícia que a mesma não era mais obstetra. Procurei outro médico, consegui a consulta na mesma semana, fiz a primeira ultra, meu BB estava lá, com batimentos, só o saco estava um pouco descolado da placenta, mas isso se resolveria com utrogestan, aas e repouso. A cada 15 dias fazia uma ultra, até então tudo bem, ele iria nascer próximo ao meu aniversário. Eis que começou novamente o tal do corrimento marrom, fui ao 24h e tive uma ótima noticia, havia dois sacos gestacionais, ou seja estava grávida de gêmeos, após a notícia boa veio a ruim, estavam sem batimentos, como assim? De novo? Todos dizem que a segunda gestação evolui e infelizmente não fiz parte desta estatística. Fui ao meu médico desesperada, sem chão, como ele não viu que era gêmeos? É o pior foi ouvir ele dizer que era normal, que uma paciente dele havia perdido nove vezes, mas espera perder tudo isso? Eu e meu marido pedimos exames mais precisos e o que ele disse? Ah isso é normal, daqui dois meses vc já pode tentar de novo. Vamos marcar uma curetagem para segunda, isso era em uma sexta, pedi para a minha mãe vir me acompanhar no procedimento, pois na cidade em que moramos, reside apenas eu e meu marido. Na segunda feira lá fomos nós, ele pediu para me internar as 07h da manhã, que faria a minha cirurgia as 09h, deu 09h, 10h, 11h e nada, uma amiga ligou no consultório e para o nosso espanto ele estava indo atender uma paciente as 11h30, ou seja ele me esqueceu, sozinha, pois minha mãe não pode ficar comigo, ele voltou e fez a minha curetagem, me deu os restinhos em um pote Branco, que nem me atrevi a abrir, fiquei sozinha no quarto, (não sabia que tinha direito a uma acompanhante) toda suja, pois não conseguia levantar sozinha, com muita vontade de fazer xixi, chamei a enfermeira várias vezes, como o meu procedimento era simples e não estava com dor me deixaram lá. Me trouxeram uma comida, a sorte que tinha uma acompanhante de uma senhora que me ajudou, nem levantaram a minha cama. As 16h era o horário da visita e estaria de alta as 17h, fiquei suja das 12h as 16h, quando enfim poderia ir ao banheiro subiu um acompanhante homem de ima paciente do meu quarto, como eu iria no banheiro? Estava só com aquele avental que a parte de trás fica toda descoberta com um homem la? A enfermeira totalmente sem noção, me pediu para levantar e ir, daí olhei, pra ela é fui até ríspida e disse, como ele aqui? Daí ela pediu para o homem se retirar, na primeira vez me arrumei sozinha, quando meu marido chegou para me buscar Estava pronta, mas na segunda havia muitas pessoas no quarto. É dependia de alguém, mas como a minha mãe não pode ficar comigo, dependia de mim mesma. Tive alta e saí daquele lugar que só me trás péssimas lembranças, sem contar que o médico não me deu a injeção de Imonuglobina.

Procurei outro médico que investigou os meus abortos, eu e meu marido somos incompatíveis ou seja todas as vezes que engravidar meu organismo rejeita o feto, para isso temos que tomar uma vacina chama ILP, em SP, apenas três lugares aplicam essa vacina e cada uma custa em torno de 750. 00 a 900. 00, terei que tomar 7 doses mais a Imunoglobina, já temos a solução.

Em pouco tempo depois que descobrimos isso, por um descuido engravidei novamente, daí foi uma corrida contra o tempo, não tinha tomado nenhuma das vacinas e estava grávida, imagina o desespero, mesmo assim resolvemos arriscar, descobri que tenho também trombofilia, meu sangue coagula e não passa a devida alimentação para o bebê, ou seja, em todos os dias da gravidez tenho que tomar enxoparina na barriga, 10 injeções custam 370. 00, achei em um lugar que eram 14. 00 cada uma, compramos e estava tomando a vacina a cada 15 dias, a Imonuglobina e as pitadinhas do amor como costumamos chamar a enxoparina, mais uma vez à nossa gestação não evoluiu, na oitava semana parou de evoluir. Desta vez, conversei com meu novo médico e resolvi expeli naturalmente, parei com os medicamentos e cinco dias depois havia abortado, foram três abortos em 1 ano, coisa que não desejo para ninguém. Hoje em dia estamos juntando um dinheiro, pois o tratamento não sairá barato em torno de 12. 000, 00.

Resolvi desabafar, pois lendo a matéria da Época, vi que tinha direito a uma acompanhante, que no meu momento de fragilidade seria de extrema importância, é válido ressaltar esse nosso direito que muitas vezes não somos informados. Lembrando que possuo convênio.

Escrito por Rita Suellen Azevedo
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